Quem matou Ricardo? Nota de repudio ao assassinato de Ricardo Ferreira Gama

A Frente de Esculacho Popular (FEP) repudia o assassinato de Ricardo Ferreira Gama, ocorrido em 2 de julho, dois dias depois de ter sido agredido por PMs na frente do campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na Baixada Santista. Ricardo trabalhava como auxiliar de serviços gerais na universidade e há quase dois anos vinha sendo seguidamente abordado por policiais militares.

O modus operandi da execução de Ricardo (homens em motos ou carros, encapuzados ou com capacete) é claramente característico de grupos de extermínio formados por policiais. Arbitrariedades e violências cometidas pelos agentes do Estado em bairros periféricos são práticas comuns das forças policiais brasileiras, que matam, torturam, reprimem violentamente manifestantes e desaparecem com moradores de periferias e favelas, como o caso de Amarildo, no Rio de Janeiro.

A violência praticada pelas forças do Estado hoje nada mais é do que a continuidade das violações cometidas durante a ditadura civil-militar. A ditadura acabou, mas o terrorismo de Estado não. Por isso, acreditamos que a desmilitarização da PM é uma bandeira fundamental.

Assim como o modus operandi das forças de segurança brasileira, a permanência de torturadores da ditadura em cargos públicos prova que o aparato repressivo da ditadura não foi desmontado. Um deles é Carlos Alberto Augusto, hoje delegado em Itatiba (SP). Conhecido como “Carlinhos Metralha” ou “Carteira Preta” durante o regime autoritário, quando trabalhou no Dops (Departamento da Ordem Política e Social), ele é acusado, juntamente com o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, de participação no sequestro do corretor de valores Edgard de Aquino Duarte, em junho de 1971. Outro agente da ditadura que segue na ativa é Dirceu Gravina, hoje delegado em Presidente Prudente (SP). Gravina, conhecido como “JC” (Jesus Cristo), foi investigador do Dops e é acusado de ser um dos mais violentos do órgão de repressão.