Matérias sobre o Esculacho da Frente de Esculacho Popular a Homero Cesar Machado, torturador e assassino da Ditadura Civil Militar

Blog do Sakamoto
20/10/2012 – 8:49

Protesto expõe acusado de tortura durante a ditadura militar em São Paulo

 

Folha de S. Paulo
20/10/2012 – 16:06

Grupo protesta contra militar citado por Dilma como responsável por tortura

 

Agência Brasil
20/10/2012 – 19:04

Em SP, manifestantes fazem protesto em frente a prédio onde mora acusado de tortura durante a ditadura

 

Passa a Palavra
20/10/2012

Mais um torturador é esculachado em São Paulo

 

Thaís Barreto
21/10/2012

Esculacho pra que?

 

Terra via Agência Brasil
20/10/2012 – 18:11

Protesto é realizado em prédio de acusado de tortura na ditadura

 

Rede Brasil Atual via Agência Brasil
20/10/2012 – 19h35

Frente do Esculacho ‘homenageia’ militar que comandava sessões de tortura

 

Correio Braziliense via Agência Brasil
21/10/2012 – 11:07

Em São Paulo, protesto em frente a casa de acusado de torturar na ditadura

Manifesto contra Homero Cesar Machado

A Frente de Esculacho Popular volta às ruas neste dia 20 de outubro para mostrar que não nos esqueceremos de lembrar de nossos mortos, torturados e desaparecidos e tampouco daremos descanso para os autores destas brutalidades. Homero César Machado, ou “Doutor Homero”, foi um dos principais torturadores do DOI-Codi e goza hoje de todos os benefícios de uma aposentadoria tranquila, ao contrário das vítimas e familiares de suas brutalidades.

Genitais esmagadas, roletas russas, choques, espancamentos, “trono do dragão” (cadeira eletrificada) e o pau-de-arara (que consistia em manter o preso de ponta-cabeça e espancá-lo e eletrocutá-lo) eram ferramentas de costume do Capitão Homero e de sua equipe. Relatos de torturados enfatizam que eles não faziam questão de ocultar suas identidades e entre privações alimentares, desmaios causados pela dor e mortes de companheiros, conseguiram gravar os responsáveis por tais violações.

Virgilio Gomes da Silva (morto e torturado por Homero), Reinaldo Morano Filho, Roberto Macarini (suposto suicida), Antonio Roberto Espinosa, Celso Antunes Horta, Vinicius Jose Nogueira Caldeira Brandt, Tito De Alencar Lima (Frei Tito – suicida em 74) e Heleny Guariba pagaram com seus corpos o preço de suas ideias. Todos eles passaram pelas mãos torturadoras de Homero.

As vozes do poder tentam dissimular esse passado elegendo seletivamente porta-vozes revisionistas da geração, que nos pedem para “esquecer tudo que escreveram”. A imprensa marrom minimiza a ditadura como um episódio brando, reproduzindo a expressão “ditabranda”, citação direta do genocida chileno Augusto Pinochet em 1983.

Sabemos que quando se isola a Ditadura militar e se fixa a mesma no passado longínquo, como algo que nunca voltará a acontecer, se acobertam as arbitrariedades continuam por parte dos agentes militarizados do Estado. Na verdade é como se os gritos daqueles mortos e desaparecidos voltassem a ser ouvidos. A tortura é uma prática institucional do Estado ainda hoje.

A todo instante esquecemos que enquanto estamos aqui, alguma pessoa deve estar sendo torturada em alguma delegacia ou prisão no Brasil. Assim, buscamos mostrar que um levante contra a tortura do passado, só pode ser um levante contra tortura do presente.

Sentimos a necessidade histórica de ir para as ruas buscar expor para o bairro, para os vizinhos, para a cidade, para a família, colegas e toda a população, em atos de memória militante, nosso passado fraturado. Assim age a Frente de Esculacho Popular: não deixamos dormir quem não nos deixa viver.

Os Escraches Populares na Argentina e também as Funas Chilenas foram nossa inspiração. Em todos estes países foi necessária uma forte pressão popular para o julgamento e a punição dos militares genocidas. Por isso, cansados de tanto sermos esculachados impunemente, sentimos a necessidade de construir o Esculacho Popular, como uma forma de expor, lembrar e acusar os responsáveis pelos crimes da ditadura, homenageando nossos mortos e desaparecidos políticos, refletindo sobre o esquecimento e pressionando a sociedade e o Estado por justiça e pelo fim da impunidade.

Hoje estamos aqui também para interrogar, para buscar na memória de nossos mortos e desaparecidos um sentido para a compreensão do horror. Porém, só conseguiremos isso interrogando não apenas a memória de suas mortes, mas também o sentido da luta destes camaradas.

Somos militantes da vida. Acreditamos que assim podemos interrogar e disputar o significado de juventude que queremos. Uma identidade combativa de juventude que representou esta geração, uma memória viva na militância. Esta identidade oculta de uma geração que buscava, muito além de uma democracia burguesa, uma perspectiva revolucionária anticapitalista.

Aqui estamos para um ato militante que reivindica uma memória combativa. Porque desejamos este sentido de juventude para nós, para os mais novos, para nossos filhos e netos. Porque não aceitamos mais apenas a caricatura do jovem alienado e consumista que nos impõe a indústria cultural. Queremos disputar aquele sentido militante que aprendemos. É este sentido de juventude combativa e irredutível em sua luta que queremos celebrar.

Lembramos como viveram e morreram para continuar lutando para que acabe a roda viva da desigualdade e da opressão contra os mais pobres. Sabemos que a impunidade dos torturadores é a correia de transmissão que sistematiza e intensifica a continuidade das práticas de brutalidade pela Polícia e pelo Exército no Brasil.

Estamos aqui não porque queremos revanche, mas porque queremos justiça! Porque sabemos que a verdade e a memória não se fazem sem a justiça.

Estamos aqui porque há polícia por toda parte e justiça em lugar nenhum. Os mesmos métodos da ditadura foram utilizados nos crimes de maio de 2006, na USP, na Cracolândia, no Pinheirinho, no Quilombo dos Macacos, contra os Guarani Kaiowá, em Sonho Real, em Eldorado dos Carajás, no Carandiru, nos assassinatos dos Sem Terra e com tantos militantes e jovens negros e pobres pelas periferias do país.
Estamos aqui porque não compartilhamos da covardia dos torturadores. A tortura é o assassinato da alma de um povo, de suas ideias e sonhos. A tortura é a prisão da utopia.

Assim, denunciamos que a repressão, a tortura, o extermínio seletivo não começaram e não terminaram com a ditadura militar. Permanecem como uma prática institucional, como instrumento da criminazação da pobreza, e no machismo, na homofobia, no racismo e na repressão política. Contra este avanço contínuo dos discursos e práticas neo-conservadores e proto-fascistas o horizonte anuncia tempos onde a unidade e a combatividade serão mais do que nunca necessárias. Onde grupos de diferentes tendências, partidos, agrupamentos e linhas políticas anticapitalistas devem se unir, para além dos diferentes matizes, para resistir às ofensivas da extrema direita. A Frente de Esculacho Popular se integra neste esforço e saúda todos os aliados.

Os gorilas de pijamas se agitam, assustados por virem a ser convocados a falar ou punidos por seus crimes. Mas eles têm medo, porque agora já não sentimos medo. Não esquecemos os 426 mortos e desaparecidos políticos! Suas vozes seguirão soando porque para nós eles não morreram, permanecem presentes em nossa luta.

Justiça e Punição para todos responsáveis e co-responsáveis, civis e militares pelo extermínio na ditadura militar. Pelo fim da farsa da Lei da Anistia para torturadores.

Não esquecemos, não perdoamos, não reconciliamos!
Se não houver justiça, haverá esculacho popular!